11 min | 21/12/2023 | Matéria
Conheça mais sobre o Programa Antártico Brasileiro e o apoio da Sotreq às expedições
Você já parou para pensar na importância da Antártica para o Brasil? Ou para o mundo? Se considerarmos que é um lugar quase totalmente coberto por gelo e que oficialmente não é propriedade de nenhum país, pode parecer insignificante.
Mas, surpreendentemente, sua relevância é maior do que se imagina. Este continente vasto, com mais de 90% de sua superfície composta por água congelada, supera em extensão até mesmo os territórios da Oceania e da Europa.
Para você ter uma ideia do seu tamanho impressionante, caberia não apenas um, mas um Brasil e meio dentro. Isso quer dizer que essa enorme reserva natural, com um volume total de 25 milhões de quilômetros cúbicos de gelo, equivale à cerca de 70% de toda a água doce existente em nosso planeta.
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O Brasil, como o sétimo país mais próximo da Antártica, sofre diretamente os efeitos dos fenômenos naturais originados neste continente. Devido à nossa localização geográfica, estamos constantemente expostos aos eventos meteorológicos e oceanográficos da região, que produzem ventos e correntes marítimas que chegam à nossa costa, provocando um impacto significativo em setores como agricultura, pecuária e pesca.
A Antártica também exerce um papel expressivo na regulação do equilíbrio térmico do planeta. Em outras palavras, ela contribui para amenizar o aquecimento global. Além disso, é um laboratório natural para estudo dos efeitos das mudanças climáticas, capaz de fornecer informações cruciais para a compreensão e a mitigação do aquecimento global.
Devido a esses fatores, o Brasil integra um seleto grupo de nações com permissão para estudar a região. Há 41 anos, o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) está em operação.
Este é o projeto científico brasileiro mais duradouro e contínuo, focado na pesquisa e atividades no continente polar, com a finalidade de impulsionar a exploração científica, a conservação ambiental e a salvaguarda dos interesses nacionais na área polar.
“Compreender cientificamente a Antártica e suas águas circundantes, é essencial para a prosperidade do Brasil”, confirma o contra-almirante da Marinha do Brasil e atual Secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), Marco Antônio Linhares Soares, em um comunicado.
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O Programa Antártico Brasileiro só é possível graças aos Navios Ary Rongel e Almirante Maximiano. Essas embarcações foram especialmente adaptadas para operar nas condições extremamente frias da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), principal base de pesquisa brasileira na Antártica, estabelecida em 1984.
Os navios desempenham uma variedade de tarefas, incluindo a coleta de amostras de água e solo marinho, a pesquisa de aves, estudos geológicos e observações meteorológicas, entre outras atividades.
O Ary Rongel (H44), apelidado de “Gigante Vermelho,” é um navio de apoio oceanográfico da Marinha do Brasil, incorporado em 1994, que faz o suporte logístico da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), transportando combustível, suprimentos e equipamentos fundamentais para a estação.
Da mesma forma, serve como plataforma para pesquisas, permitindo lançamento e recolhimento de pesquisadores na Península Antártica.
Os motores MaK modelo 6M453, mantidos pela Sotreq, desempenham a função de gerar a energia essencial para propulsar a embarcação.
Já o Almirante Maximiano (H41), carinhosamente chamado de “Tio Max”, foi incorporado em 2009. Esse navio polar transporta suprimentos, pessoal e apoia bases de pesquisa brasileiras.
Além disso, possui laboratórios para pesquisa científica, sendo uma plataforma multifuncional para logística e estudos oceanográficos e biológicos na região.
Os motores Cat® modelo 3612 são responsáveis pela propulsão do navio, fazendo com que a embarcação navegue com a velocidade e a segurança necessária, enquanto o motor Cat modelo 3512 é responsável pela geração de energia para toda embarcação. As manutenções desses motores são realizadas pela Sotreq desde 2010.
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A utilização dos motores, juntamente com a assistência fornecida pela Sotreq, garante confiabilidade, qualidade, resistência e precisão a esses veículos que enfrentam desafios rigorosos nas condições extremas da região polar, onde a eficácia e operação ininterrupta são cruciais para o sucesso das expedições.
Por tudo isso, pode-se afirmar que a Sotreq desempenha um grande papel nas expedições científicas brasileiras na Antártica. A empresa é responsável pela manutenção preventiva e corretiva desses motores desde 2010, garantindo que funcionem de maneira confiável e eficiente.
Rodrigo Monteiro, consultor de Suporte ao Produto da Sotreq, enfatiza que a parceria inclui serviços de manutenção anual para garantir a preparação dos equipamentos para as exigências do programa.
“O prestígio de atender às expedições é enorme por conta da grande repercussão no exterior dos estudos e das pesquisas realizadas nesse continente. Além disso, a Sotreq assinou um contrato de natureza contínua com o Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro para fornecimento de peças e serviços para a manutenção de motores Cat e MaK, expandindo nossas oportunidades de negócios. Isso é motivo de grande orgulho para nós”, garante o consultor.
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Paulo Esteves, Consultor Técnico da Sotreq, conta que, entre várias histórias desafiadoras, destaca-se uma que ocorreu durante a substituição do eixo de comando de válvulas, que havia sofrido um desgaste natural dos componentes.
“Foi necessário terminar a montagem do equipamento e testar os motores enquanto o Navio já estava a caminho da Antártica. Os colaboradores da Sotreq tiveram que desembarcar de helicóptero para realizar o serviço. Mesmo assim, a operação foi um sucesso”, lembra o consultor.
No início do século XX, o interesse da comunidade científica pelo continente gelado começou a surgir.
Na década de 1970, cresceu o interesse nacional, levando o governo a considerar a criação de um programa antártico oficial.
Em 1975, o Brasil aderiu ao Sistema do Tratado da Antártica (STA) por conta do papel vital nos sistemas globais e regionais do continente.
Em 1982, o Brasil lançou formalmente o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), marcando o compromisso oficial do país com a pesquisa e exploração da Antártica.
Em 1984, o Brasil inaugurou a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), principal base de pesquisa brasileira na Antártica.
Desde a inauguração da EACF, o Brasil mantém seu status de membro consultivo do STA, permitindo participação nas decisões sobre o futuro da Antártica.
Ao longo das décadas, o programa cresceu exponencialmente em escopo e importância, expandindo suas áreas de pesquisa para abranger a climatologia, oceanografia, biologia marinha e muito mais.