11 min | 20/11/2020 | Matéria
Conheça o assistente de manutenção mecânica que é apaixonado pelo trabalho, por artes e pela família. Nesta edição, a ELO News traz histórias da vida profissional e pessoal desse colaborador que é grato pelas oportunidades que a vida lhe dá
O assistente de manutenção mecânica Ademilton Augusto Gaspar está completando 17 anos como colaborador da Sotreq. Gratidão está entre as palavras que definem sua relação com a empresa. Desde novembro de 2003, ele se dedica a exercer suas funções da melhor maneira possível e o “tempo de casa” comprova suas qualidades profissionais. “No meu ponto de vista, um excelente profissional é aquele que cativa os clientes, tanto internos como externos. Empatia adicionada ao conhecimento técnico sempre ajuda a apresentar as melhores soluções para cada cliente. Também é mister desenvolver ferramentas e habilidades para aplicá-las”, avalia.
Em casa, é um amante da literatura, do cinema e da música. Além do gosto apurado pelas artes, dedica-se à família, formada pela esposa Flávia Lima Gaspar e os filhos Isabel, de 20 anos, e João, com 16. Natural em Teresópolis, esse carioca nascido em 9 de dezembro de 1971 é Flamengo de coração. E contagiou quase toda a família com essa paixão. Quase... isso porque a filha torce pelo Corinthians. “Veja que minha vida não é perfeita”, brinca. Conheça mais sobre Ademilton Gaspar, o Personagem ELO do mês de novembro, na entrevista a seguir.
ELO – Como foi o seu ingresso no Grupo Sotreq? Conte sobre a sua trajetória na empresa desde então.
Ademilton Gaspar – No final de outubro de 2003, depois do processo de seleção (ufa!), pude ingressar na Sotreq em 23/11/2003. Isabel tinha três anos e João já estava entre nós. Porém, ainda não tinha sido percebido. Só em meados de dezembro que Flávia descobriu que o “pilantra” estava se desenvolvendo dentro do seu ventre. Fui contratado para integrar a equipe de um projeto inédito: ser mecânico/operador da primeira usina termoelétrica movida a gás de lixo: a UTE Bandeirantes, localizada no bairro de Perus em São Paulo. O início não foi nada fácil. Eu vinha do mercado industrial, onde tinha vestiário, banheiro, refeitório, etc. e agora estava no meio de um aterro sanitário, instalando equipamentos desconhecidos para mim até então. Confesso que em alguns momentos pensei em desistir. Todavia, apesar das dificuldades que toda obra de implantação impõe, eu via um horizonte. Me adaptei; e usando o meu amadurecimento profissional e apoio dos meus companheiros e gestores, comecei a entender aquela “coisa” amarela de 16 cilindros movidos a gás de lixo. Gradativamente, fui ganhando confiança. E, atentos, meus gestores começaram a apostar mais em mim. Saí da UTE Bandeirantes e me tornei técnico de campo. Era um desafio atrás do outro. Conheci quase que o Brasil inteiro à serviço da Sotreq. A carga aumentava a cada vez mais. E com a carga suportada, também veio o reconhecimento. Sou grato!
ELO – O senhor está completando 17 anos como colaborador da Sotreq. O que isso representa?
Ademilton Gaspar – Aos dezessete anos eu estava me formando no SENAI. E pouco depois completando o ensino médio. Estava louco para mostrar para o “mundo” do que era capaz. Era só questão de oportunidade (assim cria)! Mas a vida no mercado de trabalho não foi bem assim. E depois de algumas “cabeçadas”, que só me fizeram amadurecer, essa oportunidade chegou.
ELO – Qual é a sua formação e por que escolheu essa profissão?
Ademilton Gaspar – Sou formado em mecânica pelo SENAI e concluí o ensino médio como técnico em administração.
ELO – Descreva, por favor, suas atividades no dia a dia do trabalho.
Ademilton Gaspar – Como assistente de manutenção mecânica de atendimento em campo, tenho o dia a dia bem diversificado. Entre inspeções, diagnósticos, corretivas e reformas de motores, ainda ajudo e sou ajudado em todas as questões. E quase sempre fico com a impressão de que recebo mais do que contribuo.
ELO – O que é necessário para ser um excelente profissional?
Ademilton Gaspar – No meu ponto de vista, um excelente profissional é aquele que cativa os clientes, tanto internos como externos. Empatia adicionada ao conhecimento técnico sempre ajuda a apresentar as melhores soluções para cada cliente. Também é mister desenvolver ferramentas e habilidades para aplicá-las.
ELO – O que inspira o seu trabalho?
Ademilton Gaspar – O que mais me inspira no meu trabalho é a condição de pesquisar e aplicar, com agilidade, a melhor solução. É muito boa a sensação de ter resolvido um problema: a sensação de dever cumprido!
ELO – Quais foram os maiores desafios e as maiores realizações que você viveu na empresa?
Ademilton Gaspar – Vixe... já foram tantos! Bom, no meio de tantos desafios, o primeiro a gente nunca esquece. E foi na ilha de Fernando de Noronha. Até então, a minha vida profissional na Sotreq era somente na UTE Bandeirantes. Nunca tinha vivido uma experiência com outro grupo gerador. Acredito que por estar demonstrando confiança e comprometimento, meu gestor me indicou para realizar uma reforma de um 3508 na ilha. Amém, deu tudo certo!
ELO – E como você tem atravessado esse período de pandemia, tanto em casa como no trabalho?
Ademilton Gaspar – Tenho atravessado com muita apreensão, principalmente, pelo excesso de narrativas contraditórias. Nisso, tenho seguido à risca os protocolos adotados pela empresa. E torcendo pela descoberta e validação de uma vacina.
ELO – Poderia compartilhar uma das muitas histórias marcantes que viveu nesses anos de trabalho na Sotreq?
Ademilton Gaspar – Hmmm... agora vocês forçaram! Mas vamos lá: na transição da UTE Bandeirantes para os serviços de campo, estava sentindo uma angustiosa euforia. Sabia que em campo teria toda possibilidade de desenvolvimento e crescimento. Mas também sabia que as cobranças seriam bem mais pesadas. E na usina, eu tinha um certo domínio da operação e da manutenção. E como todo mecânico, sei que o conforto é a mãe da inércia. Entretanto, tive muito medo de não dar conta dos desafios que teria pela frente. Era para estar no campo no fim de janeiro. Mas meu gestor, que era relativamente novo na usina, querendo aproveitar ao máximo da minha experiência para ajudar a desenvolver alguns procedimentos de operação, me segurou até abril. No fim, ele fez uma coisa inesperada. Me fez uma festa de despedida! Com bolo e refrigerante. E me disse: “muito obrigado”. Mas sou eu quem tem que agradecer!
ELO – Como você se vê na empresa nos próximos anos?
Ademilton Gaspar – Quero me sentir necessário sempre. Meu desejo é que a Sotreq me enxergue como alguém com quem ela possa contar sempre.
ELO – Quando não está trabalhando, o que gosta de fazer?
Ademilton Gaspar – Gosto de ler. Principalmente a literatura russa, a inglesa e a alemã. Também gosto dos gregos, mormente dos pré-Socráticos. Gosto das músicas dos anos 1950, 1980 e 1990. Mas o prazer de estar em família suplanta todos os outros.
ELO – Qual é o lugar mais interessante que você conheceu e qual ainda pretende conhecer?
Ademilton Gaspar – Nossa... foram tantos lugares: Fernando de Noronha; Chapada dos Guimarães; a apreensiva e linda Rio de Janeiro; Porto Alegre; Maceió; Recife; Manaus; Birigui, etc. Conheci até a cidade de Peoria, nos Estados Unidos, na qual fui fazer um curso do motor C175. Não tenho em mente um lugar específico. Mas gostaria de conhecer todos os que me forem possíveis.
ELO – O que não pode faltar na sua geladeira?
Ademilton Gaspar – Uma borracha de porta que vede bem! Tive um prejuízo na conta elétrica por causa de uma borracha mal-instalada (que, eventualmente, fui eu quem instalou). Também não pode faltar o que minha família gosta de comer e beber.
ELO – Que tipo de música, cantor/cantora ou banda mais gosta?
Ademilton Gaspar – Gosto de ouvir Bauhaus, The Smiths, Neil Young, Sigur Rós, Robert Jonhson, Portishead, Pixies, My Bloody Valentine, Finis Africae, Violeta de Outono, Vzyadoq Moe etc. Na adolescência, tocava contrabaixo numa banda chamada Declínio Poético e até hoje gosto de reproduzir aquelas músicas em madrugadas de insônia (rsrs).
ELO – Gosta de filmes e séries? Cite seus favoritos.
Ademilton Gaspar – 1999, que ano para o cinema! A Bruxa de Blair, À Espera de um Milagre, Magnólia, Beleza Americana, O Sexto Sentido, O Clube da Luta... E a cereja do bolo: The Matrix. Mas antes disso me marcaram os filmes Papillon e A Sociedade dos Poetas Mortos.
ELO – Quem são seus ídolos ou pessoas que você mais admira?
Ademilton Gaspar – Tenho muito cuidado com a questão de ídolos. Porque idolatria quase sempre leva ao fanatismo, em qualquer segmento da vida. E fanatismo só gera intolerância. Portanto, eu não tenho ídolos. Mas tenho uma lista extensa de pessoas que admiro. Passando pelo Eclesiastes (Rei Salomão) a Voltaire; de Jesus de Nazaré a Friedrich Nietzsche; de Cervantes a Einstein. E principalmente, admiro os meus pais.
ELO – O mundo seria melhor se...
Ademilton Gaspar – Se houvesse verdadeiramente mais discernimento, tolerância, empatia e principalmente: respeito. Pois posso não ter a capacidade de amar a todos os meus próximos, mas tenho a obrigação de os respeitar.