3 min | 20/04/2022 | Matéria
A expansão da demanda global de commodities, a retomada de setores como serviços e comércio e o crescimento do mercado de energia são alguns dos fatores que justificam a boa perspectiva
O último ano representou um período de muitos desafios para todos os setores da indústria brasileira. A alta do frete e a falta de insumos e componentes foram fatores que dificultaram toda a cadeia de suprimentos, mas o ano também foi de superação e desenvolvimento do mercado. E essa é a tendência prevista para 2022: manter o expressivo crescimento.
Para diferentes segmentos da indústria brasileira, como cogeração de energia, agronegócio, florestal, construção, comércio exterior e mineração, o ano ainda será de ajuste em todas as demandas ainda pendentes por conta das dificuldades com o advento da pandemia, mas o mercado está aquecido.
As previsões são as mais otimistas possíveis e cada setor tem as suas razões e estimativas para acreditar em um ano de recuperação somada ao crescimento. Nesta matéria especial, trazemos um panorama das expectativas dos principais segmentos brasileiros para 2022, que se empenham para a entrega de produtos cada vez mais modernos, tecnológicos e eficientes.
Energia
As perspectivas do setor de cogeração de energia para 2022 são muito positivas. De acordo com o presidente da Cogen (Associação da Indústria de Cogeração de Energia), Newton Duarte, a cogeração de energia será "o tema" deste ano. “Vejo perspectivas bem melhores do que em 2021 e 2020 e, vejo o destaque da Sotreq Cat no desenvolvimento de cogeração para grandes empresas provedoras de serviços de instalação desses sistemas”, diz Duarte. “As cogerações que a Sotreq já instalou são inúmeras e há a expectativa que quadro semelhante venha ocorrer no país inteiro em grande número neste ano”.
Ele ressalta também o potencial de biogás do Brasil, um dos melhores do mundo, com um lixo mais orgânico do que a média mundial e uma agroindústria que deverá prover biogás renovável. “Temos a capacidade de produzir biogás renovável e infindável de várias fontes. Por exemplo, além da biometanização da vinhaça de açúcar e etanol, os resíduos sólidos urbanos podem produzir o biogás, do qual, após limpeza, obtem-se o biometano, que, por sua vez, pode ser injetado nos gasodutos das distribuidoras”.
Como reflexo do crescimento da demanda de cogeração de energia, o presidente da Cogen analisa o custo desse processo. “Vejo uma diminuição de preços para o setor elétrico. Talvez tenhamos um 2022 um pouco estressante no setor de geração elétrica caso não chova o necessário. Mas creio que, com base nos níveis pluviométricos deste ano, o setor deverá caminhar para uma posição mais estável de preços”.
Agronegócio
“O produtor rural brasileiro é muito resiliente e sabe contornar situações adversas.” A declaração é de Alexandre Vinicius de Assis, diretor de vendas da Valtra, e acompanha as razões de uma perspectiva otimista para o agronegócio brasileiro em 2022. A safra de grãos 2021/2022 deve bater novo recorde, ficando próxima de 290 milhões de toneladas. “Mas é importante acompanhar com atenção o impacto de fenômenos climáticos, principalmente o La Niña. Mesmo assim, nossa visão de longo prazo permanece otimista, com a expansão da demanda global de grãos, que tem o Brasil como principal exportador”, ressalta o diretor de vendas.
De acordo com o CNA, as exportações agrícolas brasileiras devem subir 17,5% neste ano. “O produtor com planejamento reinveste no campo, em novas tecnologias, o que permite alavancar sua produtividade e eficiência operacional. Assim, nossa perspectiva para o mercado de máquinas agrícolas também é positiva e de crescimento para este ano”.
O setor de máquinas agrícolas se reinventa constantemente e busca novas formas de interagir com o agricultor. “Os canais online têm sido nossos principais aliados. Avançamos em salas de negócios e lançamento de produtos em lives. Vivemos uma aceleração de planos digitais e multiplicação de ações virtuais que trazem mais aproximação com o produtor rural”, finaliza.
Florestal
O ano de 2021 foi muito positivo para o mercado de máquinas florestais. E assim deve se manter em 2022. Apesar dos grandes desafios provocados pela pandemia, a exemplo da falta de produtos na cadeia de suprimentos e componentes e os fretes elevados principalmente devido tanto à inflação e custo dos componentes quanto pela redução das malhas marítima e aérea, o mercado está extremamente aquecido. “Estamos vivendo um dos melhores momentos do setor florestal. Vemos um crescimento muito grande da indústria, não só para os nossos clientes, mas para nós como fornecedores”, declara Rodrigo Marangoni, gerente de Marketing e Vendas da Ponsse Brasil.
Os principais fatores da alta demanda são o mercado de celulose e o de energia, com um aumento expressivo da produção de biomassa para geração de energia, com foco na sustentabilidade por combustíveis renováveis. É por este motivo que, segundo Marangoni, o horizonte de dois anos é muito positivo. “Vemos um mercado muito positivo em 2022, continuando esse cenário de alta demanda. Indo mais além, para 2023, também conseguimos enxergar um crescimento contínuo”.
Construção
As expectativas da indústria da construção são de crescimento em 2022. De acordo com Kéizer Birke, especialista de aplicações de produtos da Cat®, o objetivo será o de oferecer, cada vez mais, os produtos que os clientes buscam. “Nossa meta é disponibilizar novos modelos com melhor eficiência e redução do consumo de combustível”, afirma Birke.
O diesel atualmente representa o principal custo na operação de um equipamento. “O que importa para os clientes no momento da compra de um equipamento é tanto a questão do custo quanto o de tecnologia, com máquinas premium, que carregam tecnologia de ponta embarcada. Ainda temos um caminho de desenvolvimento neste sentido, mas é uma tendência que estamos acompanhando e aplicando nos nossos produtos”, relata o especialista.
Neste ano a Cat também teve o desafio de administrar a falta de componentes. “O que a indústria automobilística sente com a falta de insumos, o setor de construção de máquinas pesadas também sente. Então em 2022 teremos o desafio de regularizar, o mais rápido possível, esta lacuna na cadeia de suprimentos”.
Mineração
Segundo informações do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), o volume de produção deve se manter estável em 2022. No entanto, câmbio e preço internacional serão determinantes para o segmento. O instituto estima investimentos da ordem de US$ 41,3 bilhões para os próximos cinco anos. Tais investimentos movimentarão o mercado de mineração e as cadeias de fornecimento. Vão desde projetos greenfield (que envolvem projetos em fase de planejamento, ainda no papel), expansão de minas, investimento em logística, novas plantas industriais, como também descomissionamento de barragens e tecnologias para processamento a seco.
O setor deve gerar mais de 10 mil novas vagas de empregos diretos em todo Brasil. Espera-se, portanto, um desempenho expressivo para o segmento, que representa mais de 60% do saldo comercial do Brasil e é uma importante cadeia industrial de suprimentos para todas as indústrias.
Importação e Exportação
O segmento de comércio exterior tem boas expectativas para 2022 e este otimismo é confirmado pelo Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Espírito Santo (Sindiex). A previsão é de que a balança comercial permaneça em alta. As importações seguem a tendência de 2021, principalmente por conta da segurança jurídica e confiabilidade trazida ao segmento após a prorrogação dos incentivos fiscais até 2032. “Isso vai incentivar ainda mais o panorama positivo para este ano. Precisamos estar atentos à questão do frete internacional que, por conta da escassez de contêineres que afeta o mundo inteiro, está em valores muito acima do que estávamos acostumados até o início de 2020. E essa questão também deve perdurar pelos próximos meses”, prevê Sidemar Acosta, presidente do Sindiex.
Em relação às exportações, que no caso do Espírito Santo estão sendo impulsionadas pelas commodities, a tendência também é de crescimento. A demanda do mercado internacional ainda não foi 100% atendida, as indústrias no mundo ainda estão se estabilizando nesse período “pós-pandemia” e, por isso, continuarão precisando das commodities exportadas pelo País e pelo Espírito Santo. “Temos certeza de que um ano de grandes oportunidades nos aguarda e estamos preparados”, finaliza Acosta.