5 min | 31/07/2019 | Matéria
Equipamentos serão operados remotamente, com maior produtividade e eficiência
Os acidentes em minas serão notícias do passado. O desafio de domar máquinas que impressionam pelo tamanho e potência será superado. O futuro da mineração aponta para esse cenário, com os equipamentos do ciclo produtivo operados remotamente, os operários em segurança e, ainda, maior produtividade. A mina 100% automatizada, ainda que não a curto prazo, é o caminho natural neste segmento, onde a tecnologia está cada vez mais presente.
O processo no Brasil já está bem encaminhado. “Atualmente, para os equipamentos diretamente relacionados à produção de uma mina, temos caminhões e perfuratrizes que podem operar de forma totalmente autônoma. Tratores de esteiras possuem o sistema de semiautomação, que permite a operação simultânea de até três veículos. Também temos sistemas de controle de operação para escavadeiras a cabo”, explica Bruno Peixoto, gerente de tecnologia de mineração da Sotreq.
Mesmo os equipamentos ainda tripulados, explica o gerente, contam com elevado nível de tecnologia. Os sistemas de alta precisão e de alertas de colisão, por exemplo, permitem uma operação mais segura e produtiva. A segurança dos trabalhadores, aliás, é um dos pontos mais evidentes quando se fala em mineração. Neste sentido, a automação é uma aliada na preservação da vida, já que retira o operário da zona de perigo.
“Temos casos de sucesso na utilização desta tecnologia, como aquele em que um operador que estava afastado por problemas de saúde e que não poderia operar um trator de esteiras, devido à movimentação da máquina, pôde operar o mesmo equipamento utilizando a cabine remota”, exemplifica Bruno.
Produtividade e assertividade
Com toda a tecnologia já aplicada, é possível alcançar elevados níveis de produtividade e conseguir grandes percentuais de redução de custos operacionais, através de maior utilização dos ativos, maior vida útil de componentes e pneus. São vantagens que garantem uma operação mais aderente em relação ao planejado x realizado.
Bruno explica, no entanto, que a existência de equipamentos tripulados neste ambiente pode causar pequenas interrupções na operação 24/7 dos que já são autônomos. Deste modo, uma mina totalmente autônoma iria garantir uma assertividade de 100% em toda interação de equipamentos, permitindo uma operação constante e sem desvios.
Ganhos de até 35%
“Quando comparado com equipamentos tripulados, temos um primeiro ganho com a redução do número de máquinas para produzir a mesma quantidade. Deste modo, também alcançamos uma maior produtividade dos autônomos na ordem de 25% a 35%, em relação aos equipamentos tripulados”, revela Bruno.
Austrália é referência
A referência em automação em minas é a Austrália, que possui o maior número de equipamentos em operação atualmente. Porém, todos os mineradores estão de algum modo planejando operações, utilizando desde controle remoto até a automação.
Apesar de o conceito da indústria 4.0 ser uma realidade também na mineração, as minas que operam equipamentos autônomos são poucas, se comparadas com o total das existentes no mundo. Um dos pré-requisitos para ampliar este quadro é o desenvolvimento de automação para outros modelos de equipamentos.
Automação e empregos
Ao contrário do que se possa imaginar, a automação não representa o fim dos empregos nas minas. Para Bruno, o Brasil possui grandes empresas de mineração e que já utilizam de avançadas tecnologias para auxiliar na operação e que, para isso, precisam sempre de mão de obra especializada. Ou seja, a tecnologia não vai extinguir o emprego, mas exigirá um profissional cada vez mais qualificado.